
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Equipes da Vigilância em Saúde visitam pacientes que tiveram o diagnóstico positivo para coletar mais informações sobre a doença
Pela primeira vez, foi divulgado o relatório Investigação do Surto de Toxoplasmose completo. O Diário teve acesso ao documento, que traz o perfil epidemiológico das pessoas que estão com a doença. Os dados são do último boletim, divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde no dia 18 de maio. De acordo com o relatório, a maioria dos pacientes com diagnóstico confirmado são pessoas do sexo feminino, com faixa etária entre 20 e 39 anos. Os bairros com o maior número de casos são Tancredo Neves, Juscelino Kubitscheck, Pinheiro Machado, Centro e Urlândia. Dos 352 casos confirmados, 98% pacientes residem em Santa Maria. Os demais em Caxias do Sul, São Sepé, São Martinho da Serra, Cacequi e Jari.
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Para tentar descobrir a origem do surto de toxoplasmose, anunciado há um mês em Santa Maria, equipes das secretarias de Saúde do Estado e do município estão trabalhando em conjunto com profissionais do Ministério da Saúde. A chamada busca ativa começou no mês de abril não tem previsão de terminar. De acordo com o superintendente da Vigilância em Saúde, Alexandre Streb, o trabalho continua em todos os bairros, mas os que constam do relatório precisam receber mais atenção.
- Esses bairros que aparecem no relatório são onde as pessoas (com confirmação da doença) moram. Os moradores desses locais podem estar mais suscetíveis a se contaminarem, mas isso não quer dizer que o foco da contaminação esteja nesses bairros, que há presença do protozoário lá. Elas podem ter se contaminado no local de trabalho, podem terem adquirido a doença no lugar onde almoçam. Mas, com certeza, essa definição dos bairros com pessoas mais doentes já determinou algumas ações, de prestar mais atenção aos supermercados e aos produtores de hortaliças dessa região - exemplificou Alexandre Streb.
Infectologista reforça que cuidados para prevenir a toxoplasmose ainda são necessários
Para esclarecer as dúvidas sobre fonte de contaminação, um questionário mais completo começou a ser aplicado entre os pacientes na segunda-feira. O objetivo principal é encontrar a causa do surto. O aplicativo, desenvolvido pelo Laboratório de Geomática, ligado ao Departamento de Engenharia Rural do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi entregue à equipe de investigação da Vigilância em Saúde. Ele deve ajudar a cruzar os dados dando mais agilidade ao processo de busca ativa. A expectativa é que a ferramenta comece ser utilizada ainda esta semana. Por não saber a origem da doença, as autoridades em saúde alertam que é preciso reforçar que cuidados para prevenir a contaminação de mais pessoas.
Confira as variáveis divididas entre os 352 casos confirmados pelo Laboratório de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen -RS)
- Masculino - 121 pessoas que representam 34,4%
- Feminino - 231 pessoas que representam 65,6%
- Gestantes - 27 pessoas que representam 7,7%
Faixa Etária
- menores de 1 ano - 3 (0,9%)
- de 1 a 4 anos - 2 (0,6%)
- 5 a 9 anos - 4 (1,14%)
- 10 a 19 anos - 36 (10,2%)
- 20 a 39 anos - 178 (50,6%)
- 40 a 59 anos - 80 (22,7%)
- 60 e mais - 8 (2,3%)
- Não informado - 41 (11,6%)
Bairros
- Tancredo Neves - 27 (7,7%)
- Juscelino Kubistchek - 26 (7,4%)
- Pinheiro Machado - 26 (7,4%)
- Centro - 25 (7,1%)
- Nova Santa Marta - 17 (4,8%)
- Outros - 123 (34,9%)
- Sem informação - 108 (30,7%)
O que diz o relatório
Confira os números do último levantamento, divulgado
no dia 18 de maio
- Até agora, 1.011 casos foram notificados pelos médicos das redes pública e privada à Superintendência de Vigilância em Saúde
- Desses, 665 são suspeitos, e 346 ainda não foram classificados
- Entre os casos suspeitos, 352 foram confirmados com toxoplasmose pelo Lacen/RS
- 27 são de gestantes
- 115 casos foram descartados
- 198 ocorrências estão em investigação, sendo 120 de gestantes
- A causa da morte de dois fetos (de 28 e 36 semanas) foi confirmada por toxoplasmose, assim como um dos abortos (com 15 semanas de gestação)
- Um caso de aborto (15 semanas) segue em investigação
- A causa de um aborto (21 semanas) foi descartada como sendo por toxoplasmose
Fonte: Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/RS)